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sexta-feira, 28 de março de 2014

MARCHA DAS FAMÍLIAS QUE NÃO TEM NADA DE DEUS


Por Rafael Pereira de Macedo

Neste fim de semana 22 de março de 2014 (ano de Copa do Mundo e eleições em algumas cidades de nosso país), houve a chamada “Marcha pela família com Deus” já ouviu falar não é? Essa marcha em 1964 ajudou a culminar em um dos períodos mais nefastos da história dessa nação: a ditadura militar.
Mas primeiramente uma das coisas que mais me incomoda é o nome Deus estar fazendo parte dessa frase que dá nome ao evento, porque as pessoas usam tanto o nome dele para cometer atrocidades, matar, roubar, disseminar preconceitos e apoiar algo tão estúpido quanto uma ditadura? Por quê?
Assim como em 1964, esses manifestantes pediam a derrubada do presidente em exercício democraticamente eleito, por meio da intervenção militar para conter o avanço do comunismo que este ano planeja “golpear”. Portanto, vamos analisar os fatos: a presidente atual foi democraticamente eleita (apesar de toda a desconfiança que as urnas brasileiras vêm sofrendo após várias denúncias de falhas e corrupção da fabricante), mas eles acreditam que hoje vivemos uma “ditadura petista”.

Veja bem: você que está lendo esse texto com certeza já ouviu alguém chamar a Dilma daquele palavrão bem feio? Você viu aquelas multidões que em junho do ano passado saíram às ruas para reclamar da saúde pública, da educação, do transporte coletivo, da  corrupção, dos gastos exorbitantes com a Copa do Mundo e as demais mazelas do nosso país? Agora eu te pergunto: numa ditadura nós faríamos isso? Claro que para os nossos governantes e a mídia corporativista estava tudo na mais perfeita ordem... até somos capazes de realizar uma Copa do Mundo. Eu sai às ruas e pratiquei minha desobediência civil e estou inteiro (até agora), em um sistema de ditadura militar, a que eles glorificam, seria o contrário: quem reclamasse era morto, sequestrado, torturado ou desaparecido e não tinha como contar com a mídia pois a mesma era manipulada e censurada.
Quanto ao avanço do Comunismo e um suposto golpe, essa paranoia é marca registrada da direita em 1964. O Comunismo estava avançando não somente no Brasil mais em toda a América Latina e, naquele tempo, com uma forcinha dos norte-americanos, as mídias corporativistas e muito sangue de opositores derramado golpes militares, foram instalados em várias nações latinas. Atualmente a sociedade se tornou complexa demais, a população aumentou e os problemas também, ficou muito mais complicado uma mudança de sistema (primeiramente devemos fazer a democracia realmente funcionar pra depois, quiçá, tentar uma mudança através de diálogo e não mortes).
É isso que eu penso sobre os principais pontos que a direita na marcha das famílias apresentou, fora os que estamos acostumados a ver no dia-a-dia como as campanhas anti-aborto, a homofobia, as opiniões sobre concepção de família, as opiniões contrárias aos programas sociais, o machismo, o racismo etc (que são coisas que infelizmente vemos em suas opiniões e foi claramente visto em suas marchas em São Paulo – um homem, militante a favor deles, foi expulso da marcha por estar calças e tênis vermelhos, por exemplo, ou jovens com camisas da banda Metallica foram chamados de lixos por serem confundidos com Black bloc’s e esses jovens iriam ao show da mesma que aconteceria no mesmo dia). Enfim, desejar apoiar a instauração de um regime fascista que beira o nazismo, um regime baseado na anti-democracia, um regime assassino, estuprador, sequestrador é um passo gigantesco pra trás. Ditadura não é, nunca foi e nunca será caminho para sociedade nenhuma evoluir. É somente um atalho para o declínio da humanidade.

Rafael Pereira de Macedo é Assistente de TI e colaborador do Blog.

segunda-feira, 10 de março de 2014

ÀS VEZES SINTO VERGONHA DE SER BRASILEIRO... OUTRAS, DE SER HUMANO!

Heberson, eu sinto muito:Jornalista escreve ao inocente preso, violentado na cadeia e contaminado pela Aids

Heberson,
Nem sei como te dizer isso. Tateio pelas palavras certas há horas – elas me escapam. Claro que você já foi avisado e até leu no noticiário local, mas eu queria pedir desculpas. O governo do Estado do Amazonas questionou o valor da sua indenização. É, eles acham R$ 170 mil um valor muito alto pelos quase três anos em que você passou na cadeia, acusado de um estupro que não cometeu. Querem pechinchar pelo vírus HIV que infectou o seu corpo após os abusos sofridos atrás das grades. Seu sofrimento está “caro demais” para os cofres públicos. Como se algum dinheiro no mundo pudesse apagar o que você viveu.
Até hoje, como naquele dia em que te entrevistei, sinto minhas tripas se revirarem. Lembro de você contando que tinha 23 anos e trabalhava como ajudante de pedreiro na periferia de Manaus quando o crime aconteceu. Uma menina de nove anos, filha de vizinhos, havia sido arrastada para o quintal durante a noite e violentada. A família o acusou de tamanha brutalidade e a delegada expediu um mandado de prisão provisória para investigar o caso. Você, que não tinha antecedentes criminais. Você, que divergia completamente do retrato-falado. Você, que estava em outro lado da cidade naquele horário. Mas você é pobre, Heberson. Pobres são presas fáceis para “solucionar o caso” e atender o clamor popular. As vozes que te xingaram ainda ecoam?
“Eu morri quando me fizeram pagar pelo que não fiz”, você disse, me matando um pouco também sem saber. Em tese, por lei, você não poderia ficar mais de quatro meses aguardando julgamento na cadeia. Sua mãe, desesperada, pegou empréstimos para bancar advogados particulares. Mesmo sem comida em casa, a dor no estômago era por justiça. Não dava para contar com a escassa quantidade de defensores públicos no país (embora, depois, a doutora Ilmair Faria tenha salvo o seu destino). Enquanto ela se rebelava aqui fora, você se resignava com os constantes abusos sexuais de que era vítima. Alegar inocência sempre foi a sua única arma. De que forma lhe deram o diagnóstico de Aids?
Sabe, querido, eu gostaria de ter presenciado o parecer do juiz na audiência que demorou dois anos e sete meses para acontecer. Deve ter sido um discurso bonito. Juízes usam frases empoladas, especialmente para se desculpar em nome do Estado por um erro irreparável. Onde estava a sua cabeça no momento em que ele declarou que você estava “livre”? Porque eu me pergunto como alguém pode supor que liberta o outro de suas memórias, de suas dores, de sua desesperança, de uma doença incurável. Você continua preso. Tanto que passou anos sem conseguir emprego por causa do preconceito e perambulou pelas ruas sob o efeito de qualquer droga que anestesiasse a realidade. Livre para ser um morto-vivo.
Na sala do meu apartamento, há um troféu de direitos humanos que ganhei por trazer à tona sua história. Olho para ele e enxergo a minha impotência. E os ossos saltados da sua pele. Com vinte quilos a menos, as suas roupas parecem frouxas demais – quanto você perdeu além do peso corpóreo? Imagino se a Procuradoria Geral do Estado (PGE), que negou o pedido da sua indenização, sabe das suas constantes internações decorrentes da baixa imunidade. Será que alguém abriu a porta da sua geladeira e descobriu que, muitas vezes, você passa um dia inteiro tendo se alimentado de um único ovo? Ou será que eles se restringem a documentos e números?
Não consigo deixar de pensar que você foi estuprado de novo. Pelas canetas reluzentes de quem toma essas decisões descabidas. Você levou sete anos para ressuscitar a sua determinação e cobrar os seus direitos. Em parte, motivado pelo apoio das 23 mil pessoas que aderiram a uma campanha virtual pela sua história. Toda semana recebo mensagens de gente querendo saber sua situação, se oferecendo para pagar uma cesta básica ou dar assistência jurídica. Recentemente, um professor criou um grupo que mobilizou mais de mil cidadãos para ajudá-lo até com despesas de medicamentos. Minha última pergunta (eu, que não tenho respostas) é: O que mais nós podemos fazer por você, já que o Estado não faz?

Que o meu abraço atravesse a geografia até Manaus.
Sinto muito, querido.

Nathalia Ziemkiewicz

sexta-feira, 7 de março de 2014

TÍTULO DE MESTRE

Segue matéria produzida por Flávia Arenales (Assessora de Imprensa da FAPEPE), sobre a minha defesa no mês passado. Gostaria de agradecer a todos que torceram por mim nesta etapa tão importante em minha carreira acadêmica e profissional.

FAPEPE TEM MAIS UM MESTRE EM SEU CORPO DOCENTE

Júlio César Gonçalves, professor dos Cursos de Comunicação e de Direito da Faculdade de Presidente Prudente - FAPEPE, Instituição de Ensino Superior integrante do Grupo Educacional UNIESP, defendeu em 21/02 passado Mestrado em Educação pela UNESP – Universidade Estadual Paulista. Gonçalves, que ministra as disciplinas de Filosofia, Lógica e Metodologia, conta que o objeto de estudo da dissertação foi “O Ensino de Filosofia e o Filosofar Institucionalizados: um Olhar sobre o Ensino Filosófico no Ensino Médio”. “Decidi refletir sobre esta temática depois que a Filosofia e a Sociologia se tornaram obrigatórias no Ensino Médio. Em 1971, essas disciplinas foram banidas do currículo e substituídas por Educação Moral e Cívica. Mas a lei nº11.684, assinada em 2008 pelo presidente em exercício, José Alencar, incorporou novamente as disciplinas ao currículo”, contou. Júlio conta que, no trabalho, é discutida a possibilidade ou a impossibilidade de se ensinar Filosofia. “Pude identificar a distância que há entre o que é ensinado na Universidade e a prática docente”, aponta. Para o futuro, o agora mestre conta que pretende fazer doutorado na mesma área e aprofundar os estudos. “Gostei muito de refletir sobre esta temática e ainda há diversas lacunas a serem pesquisadas”, garante.



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