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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

UMA GERAÇÃO DE BOBOS QUE SE ACHA ESPERTA



Por Ícaro de Carvalho

Veja como o nosso ambiente de trabalho é divertido. Te pagaremos mal e não respeitaremos a sua hora de almoço. Hora-extra? Nem pensar! Whatsapp depois do trabalho? Com certeza, afinal de contas, você ainda não tem filhos! Ah, mas te daremos kit kat e café expresso de graça!
O que diabos aconteceu com a GERAÇÃO Y?!
Um texto sobre liberdade, responsabilidades e as misérias de uma geração que está se perdendo no meio do caminho.
Na semana passada eu ouvi de um garoto, ainda na faculdade, o seguinte depoimento:

“Seu texto sobre a subserviência das empresas em relação ao cliente deveria ser pregado na porta de entrada de todas as empresas do país, nas salas de reuniões e ser repetido como mantra em palestras de empreendedorismo para todos os empresários do Brasil. As agências de publicidade, especificamente, estão atingindo um nível de servidão pior do que pastelaria. Na pastelaria ninguém fica acelerando o pasteleiro. Ninguém manda e-mail para o pasteleiro mandando ele entregar o pastel na mesa dele até as 9h da manhã. Para o pasteleiro, quanto mais horas ele trabalhar, mais ele vai ganhar. Falar em hora extra em publicidade só vai fazer as pessoas rirem. Enfim, desculpa o desabafo”.
Somos uma geração de bobos que se acha esperta. Nossos pais davam duro, saiam de casa cedo, trabalhavam como doidos, indo e vindo do centro da cidade, em cartórios, lotéricas e visitas bancárias, muitas vezes em carros sem ar-condicionado, mas ganhavam bem o suficiente para sustentarem uma família com três filhos, carro, cachorro e ainda levavam todos para comerem churrasco aos domingos.
A geração de hoje se deixa enganar pela falsa sensação de divertimento, que nunca tem fim. Transformaram o ambiente de trabalho em um circo, para que você ouça: “Ei, mas aqui é divertido! Dane-se se não te pagamos horas-extra ou se te colocamos para trabalhar por toda a madrugada em troca de pizza. Aqui você pode trabalhar com boné!”.
Quando nossos pais estavam em casa, eles estavam em casa mesmo! Dane-se que o trabalho tinha sido duro, após as 18:00 eles sentavam naquele sofá da Mesbla, abriam a primeira Antártica da noite e era a hora do futebol. Qual foi a última vez que você esteve realmente desconectado do seu trabalho? Você tenta se convencer de que aquele Whatsapp do cliente às 00:00 não é nada demais, que é coisa pequena, que“pega mal” não responder. E aquele inbox no Facebook às 1:35 da manhã?“Ah, eu já estou aqui mesmo, né. Agora ele já viu que eu visualizei…”.
Provavelmente você caiu no mito dohome-office libertador, que te faz perceber, anos depois, que ele só foi capaz de te “libertar” do horário comercial. “Ah, mas você trabalha em casa!” — pronto, é sinal de que receberá demandas ou mensagens a qualquer hora da madrugada.
Provavelmente você ainda não se ligou, mas você produz dezenas de vezes a mais do que o seu pai ou os seus tios conseguiam. Antes, para atender um cliente, você precisava ir na loja ou na casa dele, lá na puta que o pariu. Hoje? Skype. Antes, era FAX ou mandar documentos pelos correios. Hoje? E-mail. Antes, você estava limitado à sua cidade. Hoje? Internet, meu filho!
Entretanto, quanto é que você está ganhando? Acorde para a vida! Agências com mesa de sinuca, totó, chocolates à vontade, cafezinho expresso, pula-pula e vídeo-games significam apenas que você está pagando por tudo aquilo e que o seu salário, ao final do mês, sentirá a pancada.
“Tudo bem, porque eu amo o que eu faço!”.
Na semana retrasada eu ouvi isso. Estava contratando os serviços de umaSTART-UP de tecnologia para um dos meus negócios e havia esquecido de perguntar alguma coisa. Já eram 23:00 horas. Fui ao Skype, me certifiquei de que a menina do suporte estavaOFFLINE e deixei uma mensagem. Poderia ter feito isso pelo Facebook, mas eu sabia que iria apitar lá na casa dela e não queria esse tipo de coisa, ainda mais naquele horário. Enfim, enviei a mensagem e deixei escrito: “Só me responda quando chegar ao escritório!”.
Faltando quinze minutos para uma da manhã, a menina me responde, pelo Facebook. Eu digo: “O que você está fazendo aqui? Te deixei uma mensagem no Skype! Vá dormir, namorar ou assistir aquelas séries no Netflix!” e ela me disse:“Ah, é que eu entrei no meu skype só para ver se estava tudo bem com os clientes. Vi a sua mensagem e retornei. Não custa nada, nem se preocupe. Eu amo o que faço. Rs”.
Eu amo o que faço…erre esse. À uma da manhã de terça feira. Com o teu chefe te pagando, provavelmente, entre dois mil e quinhentos a três mil reais para isso…e somos nós quem somos a geração dos “desapegados, que querem viver a vida”.
Estamos nos tornando uma geração de trintões cujas preocupações são os próximos shows do Artic Monkeys, a cerveja gourmet da moda e a próxima temporada de House of Cards. Uma geração sem filhos, que foge das responsabilidades, se iludindo com a ideia de que o seu chefe é seu amigo e que por isso você “quebra alguns galhos para ele”.
Ouvimos de todo tipo de especialista, que somos a geração livre por excelência, que preza pela mobilidade e pela qualidade no ambiente de trabalho, mas de alguma forma nós erramos o caminho e nos tornamos aquele tipo de gente que fica conversando com o cliente às 20:00 horas, enquanto janta com a mulher. E nos achamos o máximo, quando batemos o pé: “Ai, que saco, o meu chefe não me deixa em paz!”. Que corajoso!

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

DESAFIOS EDUCACIONAIS PARA O SÉCULO XXI

 
Aluno amadurecido para buscar soluções
Por Paula Carneiro
 
Uma das metas educacionais do séc. XXI é que o aluno seja capaz de exercer através do seu conhecimento, sua capacidade de escolher entre diferentes opções possíveis para resolver um problema, desenvolvendo assim a habilidade de aprender a aprender.
A formação ética torna-se então, um requisito central para a formação do cidadão. Formar um cidadão com responsabilidade implica em aprender e aceitar que temos uma história comum, valores comuns e um destino comum e segundo o grande educador Paulo Freire, que compreendeu que a teoria é inútil sem a prática, “ninguém educa ninguém. As pessoas se educam entre si, mediatizadas pelo mundo”. O grande projeto de Paulo Freire era “FORMAR PARA TRANSFORMAR”.
Para atingirmos a meta educacional do séc. XXI educadores precisam reavaliar alguns pontos, já que estamos saindo de um processo educativo, onde os modelos pedagógicos e epistemológicos estavam centrados na fala do professor, na qual o professor apenas transmitia para o aluno seu conhecimento, sendo essa uma visão empírica do conhecimento.
Esse comportamento nos retrata ao final da idade média, quando o modelo educativo idealizado pelos jesuítas se transforma em referência pedagógica. Eram aulas cujos objetivos eram manter a ordem da sala e modelar a moral do estudante.
Então como podemos formar um cidadão para atuar no séc. XXI e assim atingir a meta educacional desse século?
Precisamos ressignificar o processo de construção de conceitos pelos sujeitos aprendentes o professor deve estar aberto ao diálogo em sala de aula, ao confronto de idéias, a criar situações que valorizem as experiências de alunos e os aproximem da realidade dando um verdadeiro significado à aprendizagem.
Os estudantes precisam antes de tudo serem desafiados e só atividades práticas e equivalentes à realidade os levarão a construir pontes que os obrigará a envolverem-se em um esforço de compreensão e atuação. A meta educacional do séc. XXI é levar o indivíduo a produzir conhecimento, desenvolver valores e atitudes.
Para Morin, somos cidadãos Planetários e a educação do futuro deve ter como prioridades saberes que deverão estimular os educadores a “saírem do armário” e irem à luta para que as próximas gerações tenham garantia de um mundo belo e sustentável. Assim uma das vocações essenciais da educação do futuro serão o exame e o estudo da complexidade humana que conduziria à tomada de conhecimento, por conseguinte, de consciência da condição comum a todos os humanos e da muito rica e necessária diversidade dos indivíduos, dos povos, das culturas sobre nosso enraizamento como cidadãos da Terra.
O professor é o grande responsável por conseguir fazer esse aluno corresponder a uma proposta tão necessária nesse mundo globalizado e ele deve ser capaz de despertar a consciência crítica do aluno através de sua epistemologia muito bem adequada e direcionada para esse propósito.
 
PAULA CARNEIRO é professora, coordenadora de escola e coach educacional. Também é colaboradora do nosso blog.

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