Por Julio César Gonçalves
Um dos diálogos mais impressionantes, presente na obra de Lewis Carroll "Alice no país das maravilhas", segundo minha humilde opinião, está num momento de dúvida da personagem diante de uma bifurcação que leva a dois lugares diferentes e um gato sinistro sobre os galhos de uma árvore da floresta.
Alice perdida pergunta ao gato: onde "leva esse caminho?", ao que o gato responde: "para onde você deseja ir?". Alice por sua vez revela o motivo da sua dúvida: "não sei, estou perdida" e o gato cruelmente lhe responde que "quem não sabe aonde vai qualquer caminho serve".
Essa dúvida de Alice, confesso estar me atormentando quando o assunto é a sociedade e seus problemas atuais. Às vezes sinto que não há perspectivas claras para um futuro próximo. A corrupção em várias esferas da vida pública, o desfalque descarado aos cofres públicos por aqueles que devem nos proteger e orientar, e a pior de todas: a letargia a que nos submetemos e como decidimos assistir de braços cruzados o desfile alegórico dos valores distorcidos em nossa sociedade, apresentam-se para nós como bifurcações de um caminho que não termina ou que desconhecemos... Para onde vai nossa sociedade?
Não sabemos... Não sabemos porque o que era o certo, hoje é errado, e o errado, hoje é o certo. Nem na capacidade da ética, enquanto norteadora das nossas ações para solucionarmos os conflitos da convivência, acreditamos mais.
A intolerância contra as diferenças, os diferentes lutando contra a igualdade sob o discurso de direitos iguais, lei após lei sendo criadas etc. O que isso revela? Que ainda não aprendemos o valor do amor, não aprendemos o que é amar.
Para onde vai nossa sociedade? Não sabemos...
E para quem não sabe onde vai, qualquer caminho serve.
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