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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

MANIFESTO PELA DIGNIDADE DE UM ENSINO FILOSÓFICO E SOCIOLÓGICO DECENTE



Segue abaixo o Manifesto que circulou pela rede mundial (internet), acerca do ensino das disciplinas de Filosofia e Sociologia nas escolas públicas estaduais. Apesar de ter sido elaborado por grupos específicos e de localidade específica, acredito ser esta uma problemática nacional e, por que não dizer internacional...  "O acesso à educação de qualidade no Brasil tem sido um privilégio histórico de uma parcela muito pequena da população brasileira. Não é recente em nossa história a presença das classes populares nas carteiras das salas de aula. Contudo, a lógica ainda predominante na sociedade capitalista em que vivemos é: existem uns que nascem para pensar, e aí mandar, com formação escolar ampla (de suposta qualidade), e outros para trabalhar, e então obedecer, com acesso à educação precária. Esta divisão não pode continuar.
Atualmente, as disciplinas de Filosofia e Sociologia voltam a sofrer ataques por meio da mídia empresarial que, na disputa dos rumos da educação no Brasil, defendem um ensino voltado desde cedo às demandas pela “fabricação” de mão-de-obra como se a força de trabalho não tivesse direito a uma formação integral, que contemple todas as dimensões do conhecimento e da cultura historicamente produzidos. 
Secretarias de Estado de Educação pelo Brasil vem tentando reduzir a carga horária de Sociologia e Filosofia para apenas uma aula semanal. O Paraná, tristemente aí se inclui: o Parecer 25/12, aprovado em 15/02/12, pelo Conselho Estadual de Educação, instituiu que no curso de Formação de Docentes (antigo magistério), as aulas de Sociologia e Filosofia devem ocupar apenas uma aula semanal cada. Neste parecer, regulamentou-se, também, o ensino de Libras. No entanto, o que nos chama a atenção é que a redução do número de aulas de Sociologia e Filosofia não se deu sob o argumento da inclusão do ensino de Libras, mas, segundo a justificativa do voto da relatora Darci Perugine Gilioli: No momento em que os alunos brasileiros em todas as avaliações externas e internas, vem apresentando índices de desempenho abaixo do esperado, é fundamental que o restante da carga horária para composição da Matriz Curricular, mantenha em nível condizente, a oferta da Língua Portuguesa, Ciências Exatas e Ciências da Natureza.
Chama a atenção na justificativa do voto, o fato das disciplinas de Ciências Humanas, Arte e Filosofia “desaparecerem” diante da necessidade de se “elevar o desempenho dos alunos”. As disciplinas de História e Geografia foram simplesmente ignoradas. Será que esqueceram delas? Será que Filosofia e Sociologia não contribuem para melhorar o desempenho escolar dos alunos? Não servem sequer aos que vão se tornar professores, se formar como docentes?" 

Leia o Manifesto completo - clique aqui
 
Esse manifesto foi redigido pela Coordenação do Coletivo Regional de Filosofia e Sociologia eleita no dia 03/03/2012, no auditório do Núcleo Sindical Curitiba Norte, em reunião que contou com a presença de 94 pessoas. Estiveram presentes dirigentes da APP-Sindicato de três núcleos sindicais (Núcleo Sindical Curitiba Norte, Núcleo Sindical Curitiba Sul e Núcleo Sindical Metropolitano Sul), de um diretor e um assessor da direção estadual da APP-Sindicato, de professores de Sociologia e Filosofia de dezenas de escolas de várias regiões de Curitiba e Região Metropolitana, de membros do NESEF (Núcleo de Estudos e Pesquisa Sobre o Ensino de Filosofia-UFPR), de um professor do ITFPR e estudantes de Licenciatura em Ciências Sociais e Filosofia da UFPR e da PUC-PR. 

domingo, 22 de setembro de 2013

UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO

Por Julio César Gonçalves

Esta semana nosso blog traz uma entrevista com o estudante de Jornalismo, Salvador Cruz Neto. Aos 22 anos, Neto acaba de se aposentar devido a sua doença (esclerose múltipla). Em entrevista, fala sobre seus sonhos, seu futuro profissional, sua rotina e muito mais. Confiram!
 
Há quatro anos, Neto luta contra a esclerose múltipla
SNM: Neto, por que o jornalismo?
NETO: Pela fotografia. Aqui em prudente não tem tanto lugar pra estudar nessa área, então, resolvi fazer a faculdade de Comunicação Social que se aproxima mais.
 
SNM: Desde quando você gosta de fotografar? Você já fotografa profissionalmente?
NETO: Desde sempre, acho. Já tive algumas disciplinas que me deram uma noção de fotografia. Na família já me destaco! Enquanto as fotos em outras câmeras ficam ruins, a minha fica boa (risos).
 
SNM: Neto, vamos falar um pouco sobre a esclerose múltipla. Quando descobriu a doença?
NETO: Eu descobri a doença, mais ou menos, quando ia completar dezenove anos (2010). Foi uma fase ruim. A princípio achei que era coisa da minha cabeça, depois percebi que era mesmo a doença. Em mim ela se manifestava de um jeito bem chato. Quando eu andava ou me cansava já sentia os sintomas: desequilíbrio e fadiga (os mais fortes), dormência e visão turva às vezes. Tinha muito medo e não entendia nada sobre o que estava acontecendo comigo. Hoje, dou graças a Deus em ter colocado anjos no meu caminho. Eles me ajudam a ter uma vida normal. Não vivo em função da EM, "ela sim vive em função de mim".
 
SNM: E o tratamento?
NETO: Já vai fazer quatro anos que eu vivo assim, entre idas e vindas ao/do hospital para fazer pulsoterapia e em clínicas para exames médicos, me sinto bem e sigo o tratamento certinho. Já passei por dois tipos de tratamento medicamentoso, de laboratórios diferentes. O primeiro que usei era muito “doloroso”, tomava medicação injetável dia sim dia não. Hoje o faço por meio de comprimidos diários.
 
SNME como é sua rotina? Alterou muito em relação à esclerose?
NETO: É sossegada até, eu fico de boa em casa, às vezes ajudo minha mãe no escritório. Todas as terças e quintas faço trabalho voluntario na 3° idade, às segundas e sextas fisioterapia. Logo logo quero começar natação. Já fui mais ativo, eu não me cansava tanto como agora...
 
SNM: Me fala sobre seu trabalho com a 3ª idade.
NETO: Eu comecei com esse trabalho devido as horas de atividades exigidas pelos projetos sociais da faculdade, mas também por minha vó. Ela faz visitas ao asilo há 10 anos. Elas [assistidas do asilo] são senhoras que riem muito e falam besteiras. Estou elaborando um calendário de fotografias com elas para entregar no final do ano, como lembrança. 

SNM: Você sente ou já sentiu algum tipo de preconceito por parte das pessoas, em relação à esclerose?
NETO: O que eu sinto mesmo é uma grande preocupação por parte das pessoas, preconceito nunca. O pior sentimento é o da dó, pena. Se for pra ter algum sentimento, tenha compaixão.

SNM: Uma das coisas que eu admiro em você, como seu professor, é que em momento algum você usa a doença nem como muleta nem para tirar vantagem.
NETO: Obrigado, eu tento evitar isso. Faço umas brincadeirinhas, às vezes, mais para descontrair.

SNM: A vida fica mais leve assim.
NETO: Com certeza fica leve sim. Bom humor sempre (mesmo que em tempos difíceis). Tem me levado a melhores resultados.
 
SNM: Qual seu maior sonho? 
NETO: Me fiz essa pergunta ontem ou ante ontem, se não me engano. Meu maior sonho é a minha realidade. Ser honesto, ser como eu sou, estar de bem comigo e com as pessoas que eu gosto.

SNM: Seu maior medo é...
NETO: Escadas. Escadas sem corrimão, escadas em geral (risos). Um medo bobo que me afeta, só esses.
 
SNM: Você é filho único? Como é seu relacionamento em casa?
NETO: Tenho uma irmã gêmea e um irmão de 24 anos. Minha irmã e eu brigamos o tempo todos mas não nos largamos (risos). Meu irmão mais velho me irrita constantemente (risos). De verdade, somos cães e gatos. O meu pai saiu de casa e foi viver uma outra vida... minha mãe é minha rainha depois de Deus e Maria. Ela é o meu anjo maior.
 
SNM: Você se denomina religioso?
NETO: Não no sentido de ir a Igreja e sim no sentido de ter fé. Onde eu for, falar de Deus e me agradar está ótimo. Espiritismo, catolicismo, crentes, tudo, evangélicos etc, se me agradar e eu ficar bem, não prejudicar ninguém...

SNM: Você tem um blog chamado Esclerosando. Por que o criou?
NETO: Eu vi um pouco de necessidade, quando eu estava descobrindo a doença. Na época, recebi a notícia de que eu iria ficar na cadeira de rodas e que, também, poderia ficar cego. Precisava criar algo que me auxiliasse a encarar essa nova realidade. Então criei o blog. Lá eu não cito a EM como uma doença mas sim como uma amiga diferente.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

EXERCÍCIO DE ARGUMENTAÇÃO - LÓGICA

 
Aos alunos do 6º termo de Comunicação Social.
 
Queridos, abaixo está um vídeo-documentário intitulado "Evolução versus Deus", onde mostra alguns argumentos à favor da existência de um Deus originador do mundo, contra os argumentos presentes na teoria da evolução da espécies de Charles Darwin.
A princípio, gostaria que vocês assistissem o vídeo para gerar, aqui no blog, uma discussão. Posteriormente, iremos trabalhar com os principais argumentos apresentados no documentário.
A discussão poderá começar por meio das questões sugeridas a seguir:
1. Você acha que o autor do documentário usou de bons argumentos para expressar suas ideias?
2. O que você percebeu sobre a forma como as pessoas responderam as perguntas do entrevistador?
3. Você se sentiu incomodado, em algum momento do vídeo? Qual? Por quê?
4. Deus existe?
5. O que é o discurso científico? Por que acreditamos nele?
 
Bom divertimento!!!


domingo, 15 de setembro de 2013

CONTRA A FILOSOFIA DO COITADINHO


 
QUANDO A REALIDADE É MELHOR DO QUE A FICÇÃO
Por Flávia Maoli
 
Ontem (09/08/2013), me prestei a ver a novela Amor à vida. Me prestei – porque eu já sabia que não ia gostar do que ia ver, mas mesmo assim resolvi ver. Pra quem não acompanha a novela, ontem foi ao ar a cena em que Nicole (Marina Ruy Barbosa) morre no altar, depois de saber que seu noivo estava de maracutaia com a sua melhor amiga. Mas ela morreu de que? De câncer? Não, ela morreu de desgosto, no melhor estilo me-segura-que-eu-vou-desmaiar. Mas essa não foi a pior cena – a chegada dela ao “Céu” foi tão medonha que só quem assistiu entende, eu tive vergonha alheia pelos envolvidos! Na verdade, a história toda da Nicole foi M E D O N H A.
Nicole morre nos braços de seu noivo, no altar
Em primeiro lugar, a polêmica do raspa-não-raspa a cabeça. Eu entendo todos os motivos da atriz para não raspar a cabeça – eu mesma acho que não cortaria aquele cabelão lindo se fosse ela – mas, a partir do momento que se assina um contrato para viver uma personagem que tem câncer e que vai fazer quimio, é sabido que vai rolar de perder o cabelo! Se não queria/não podia raspar o cabelo, não devia nem ter aceitado o papel, tenho certeza que muitas atrizes raspariam a cabeça rindo. Mas ok, aceitou o papel e não quis raspar a cabeça.
Dizem que, na história original, Nicole (de cabeça raspada) iria se curar e o noivo falcatrua iria se apaixonar de verdade por ela e largar a pilantragem, e eles viveriam felizes para sempre. Com a recusa da atriz ao novo corte, o autor decidiu mudar a trama – escreveu no twitter inclusive que a história seria “muito romântica, uma das mais lindas que já escrevi”. Desde quando morrer no altar, com câncer, virgem e de olho aberto é uma história romântica?? Em que mundo essa gente vive?!
O que eu fiquei pensando foi: essa história foi boa pra quem? Informou as pessoas sobre o câncer? Não, as informações surgiram todas distorcidas. Nicole teve Linfoma de Hodgkin – a mesma doença que eu tenho – um dos cânceres mais curáveis que existe. E, ao contrário do boletim ~médico ~ da personagem, não existe metástase pulmonar nesse tipo de câncer! É tão errado quanto dizer que a garota tinha câncer de próstata! “Ai, tá, mas é só ficção…” Sabe quantas pessoas se informam através da novela? Sabe quantas pessoas que recém foram, ou vão ser diagnosticadas em breve vão entrar em pânico pensando que esse foi o câncer que matou a personagem? Pior ainda, além de passar informações errôneas sobre a doença, a emissora perdeu a chance de passar uma mensagem positiva!
Chega desse clichê tenho-câncer-não-consigo-mais-sorrir. Muitas pessoas, nesse exato momento, estão encarando um tratamento pesado contra o câncer e sorrindo, trabalhando, dormindo, pagando contas, vendo tv, transando, comendo, xingando o grêmio, sabe? A vida não pára só porque se está doente. Ninguém que tenha amor à vida e um diagnóstico de poucos meses restantes vai ficar chorando tanto quanto essa personagem! Se a Nicole fosse minha amiga eu dava de relho pra parar com o mimimi!
Além disso, essa polêmica de raspar ou não a cabeça não faz nenhum sentido. Exceto por algumas poucas quimios que não causam a queda, perder os cabelos não é uma escolha para quem tem câncer. É um momento triste? Sim, é! Para uns mais, para outros menos, mas todos sentimos a diferença na nossa auto imagem. Essa história de a personagem não cortar o cabelo porque queria estar bonita no altar é tenebrosa – ela estaria com o cabelo todo falhado no dia do casamento!  Se tivessem colocado uma touca pra fingir que a atriz estava careca, pelo menos seria mais verossímil. Aí a mensagem que isso tudo passou foi: que ficar careca é feio, que o cabelo define a pessoa, de que quem tem câncer passa o dia choramingo e que o câncer mata.
Pergunto de novo: essa história serviu de inspiração pra quem?! A personagem até poderia morrer, mas que morresse lutando, servindo de inspiração, deixando as pessoas ao redor dela mais felizes, como fizeram o Dr. David Servan-Schreiber, a Hebe, Steve Jobs, e recentemente a querida Talia Castellano, entre tantas outras pessoas que tiveram amor à vida.
 


FLÁVIA MAIOLI é graduada em Arquitetura e Urbanismo. Atualmente trabalhando como autora do blog Além do Cabelo e também é uma colaboradora do Sociologia no Mundo.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

RÁDIO X TV - UM DESAFIO DE LÓGICA

Ontem realizamos um desafio de lógica coletivo com os alunos do 6º termo de Comunicação Social e hoje gostaria de parabenizá-los pela postura diante do mesmo. O desafio consistia em ter que encontrar uma data e um horário oportunos para matar o Drácula, entretanto, cada grupo (Rádio / TV), tinha um conjunto de pistas diferentes um do outro e, ao mesmo tempo, necessários entre si. O jeito foi tentar negociar as informações.
A competição é positiva quando o resultado é o crescimento
Tanto o grupo TV quanto o grupo Rádio, não conseguiram chegar no resultado do exercício (mas em lógica o importante é o processo e não o produto). Embora um grupo aproximou muito do resultado, o outro desenvolveu uma linha de raciocínio mais próxima da correta.
Na próxima aula teremos condições de debater alguns pontos importantes para a construção de um bom argumento. Por hora, a premiação não vai para nenhum dos grupos... mas todos os que participaram do desafio têm 0,5 pt na nota da prova pela participação e desempenho. Abraço a todos!
 
Clique em solução para ver o resultado do exercício

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

PROFESSOR, VOCÊ TRABALHA OU SÓ DÁ AULA???

Li a matéria veiculada pela VEJA ("Por ano, 3.000 professores desistem de dar aula em SP") e não me surpreendi. Porquê? Bom... por dois motivos: primeiro porque sou professor e sei o quanto é difícil trabalhar e não ser valorizado enquanto profissional, dar duro a semana inteira e ainda ter que levar serviço pra casa, sacrificando os finais de semana, o lazer, a família. Em segundo lugar porque está difícil educar, hoje em dia. Dificuldades que vão desde às de conteúdo específico à falta de trato - aquela educação que "vem de berço", sabe?
Nestes meus poucos (quase 10 anos) de docência, tive de suportar estudantes mal-educados e hostis, que armam barraco por qualquer besteira. Até boletim de ocorrência tive de fazer após ameaça de morte... Gosto muito do que faço e dos bons estudantes que tenho. Sei também que posso fazer a diferença na vida deles. Porém, não somente eu, mas a classe do professorado está se cansando (ou enlouquecendo). O que será de nossa sociedade quando não houver mais esse profissional para exercer sua profissão? Tenho consciência que o professor não resolverá os problemas da nação (seria muita ingenuidade assim supor), entretanto, ele fará falta, com toda certeza... 

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