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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

(IN)FELIZ DIA DOS PROFESSORES

Por Fernando Garrido - estudante de Jornalismo
 

No decorrer do ano, nos deparamos com datas esdrúxulas. O calendário todo é preenchido por comemorações vazias que pouco acrescentam ao cotidiano, senão na mais indigesta arte de parabenizar a esmo, sem qualquer convite a reflexões. Neste 15 de outubro, será diferente. Apesar de, injustamente, não ser respeitado como um feriado nacional, trata-se de um dia especial. Uma das profissões mais importantes do planeta, regente de mestres e norteadora para grandes estudiosos, será lembrada pelos que valorizam a classe de professores. 
A cultura luta para não ser extinta e o saber já respira por aparelhos, temendo o desaparecimento. Há algumas décadas, logo que surgiu o contestado método de progressão continuada, rotulado como um avanço no ensino para que os alunos não reprovassem mais pelo desempenho ruim, senti um pesado declínio. Mais do que isso, um golpe letal nas articulações dos colegas docentes. A função, antes avaliatória, se restringiu ao simples manuseio da caneta para comprovar ausência ou presença dos alunos. 
Não tardou para que os efeitos fossem alarmantes. Posto que, se o estudante comparecesse a um percentual x de aulas, poderia deixar de se aplicar nas tarefas, na compreensão e nas respostas para exercícios. O desafio de ser professor tornou-se cada vez mais desgastante e, sobretudo, prejudicado pelo cerceamento do seu controle. Lutando, também, contra um baixo salário, o 15 de outubro quase teve outro significado: a memória de uma batalha como a de Canudos, Malvinas e Farrapos. Pois a guerra fria tem transformado indivíduos de potencial em meros coadjuvantes de uma educação miserável. Caso sejam exigentes, são taxados de ditadores. No mais brando comportamento, chamados de omissos.
Ser professor no Brasil, com o desinteresse apoiado pela política preguiçosa de retrocessos, compromete a formação de pessoas mais críticas e cumpridoras de dever cívico. O mestre perdeu o giz, a lousa, a régua e grande parte do respeito da sociedade. Ao passo, ironicamente, que sua responsabilidade como pai, mãe, psicólogo, autodefensor e terapeuta, aumenta. Precisamos não só parabenizar pelo dia, um a mais no ano. Mas pela resistência em acordar e levar para dentro das salas o que já foi prestigiado: a arte de passar e corrigir lições, antes que a vida faça o mesmo, porém, sem amor.  

Tenho amigos professores e agentes penitenciários, há alguns comentários parecidos na gestão de ambas competências. Os estudantes cumprem a rotina letiva como se fossem enjaulados (sentenciados), já os docentes têm que se preocupar mais com a segurança do que com a metodologia de ensino. Cada um na sua esfera de atuação, como se não fossem parte alavanca de um todo, ameaçado pela desordem dos que são eleitos para não pensar na educação.

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