Por Luciane Carvalho
A leitura do caderno econômico de determinado jornal do
interior paulista frustrou-me a tentativa de prosseguir.
“O IPCA-15 (Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) encerrou o mês de abril em alta de
0,43%, ficando acima dos 0,25% apurados em abril, segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).”
Ufa, conclui o primeiro parágrafo! O texto do economista e
articulista Luís Nassif tratava da variação dos preços durante um ano, entre
2011 e 2012, tendo abril por mês base.
E não apenas as escritas de economia que assustam os pobres
mortais leigos no assunto. A linguagem política é outra menina dos olhos dos
dificultadores do entendimento mor. Como lembra Orwell, esse tipo de escrita
“destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e o crime se torne
respeitável, bem como a imprimir ao vento uma aparência de solidez”. Dessa
forma fica mais fácil a manipulação pública com meia dúzia de “embromações” de
especialistas na área.
Se já é difícil a compreensão para quem tem um mínimo de
conhecimento acadêmico, imagino para a dona de casa, com o estudo muitas vezes
defasado das escolas públicas, mas que precisa educar e alimentar sua família
com os produtos da cesta básica.
Cadê o compromisso com o princípio jornalístico de
proximidade com todos os públicos dos nobres colegas? As Marias e Josés da
Silva questionam se eles têm o mesmo direito à informação dos principais
assuntos que movimentam as diretrizes administrativas do país. É quase uma
falta de “austeridade”, que é o respeito ao próximo.
Por qual motivo os especialistas de determinadas editorias
necessitam expor suas habilidades de maneira tão complexa em que seja
necessária a ajuda de um dicionário?
Os índios não conheciam pão quando foram evangelizados,
então os jesuítas tiveram que explicar por analogias. Assim, Jesus foi o “aipim
da terra.” Não é apenas explicando as siglas que o texto se faz entendível, mas
com a aproximação de uma realidade brasileira, de um povo trabalhador que faz a
economia, bem como a política, circular as riquezas do nosso país.
LUCIANE CARVALHO é estudante de Comunicação Social - Jornalismo, pela FAPEPE e também colaboradora do nosso Blog.
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