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domingo, 27 de setembro de 2015

A LAMENTÁVEL DECADÊNCIA DA HUMANIDADE



Por Julio César Gonçalves


Já falei, em outras postagens, sobre a crise na ética que vivemos hoje em dia.
Suplantamos a crise ética - que seria a inversão de valores, a modificação nas bases morais da sociedade, o "jeitinho" que damos para burlar as leis e os acordos sociais - pela crise NA ética, que é a descrença de que a ética seria capaz de nos orientar. Afirmo isso porque me revoltou ver a nova campanha publicitária da cerveja Antártica Sub zero zombando da determinação do CONAR (Conselho que regulamenta a publicidade brasileira) de proibir o consumo da bebida na propaganda. Na minha opinião, a empresa errou feio, desrespeitou o Conselho e zombou da reflexão ética que, tão desacreditada, tem tentado direcionar nossas vontades selvagens e egoístas. Quanto custa a ética? 
Lamentável...




sexta-feira, 18 de setembro de 2015

ALZHEIMER


Por Fernando Luiz Teixeira

Números expressivos oferecidos pelo IBGE, no último censo, atestam que a população brasileira está envelhecendo. Sublinham que, ao contrário de décadas anteriores, cada vez mais homens e mulheres têm chegado aos setenta, oitenta anos. As porcentagens mostram-se louváveis. Preocupante mesmo são as condições para atender a esse segmento. Volta e meia, a infraestrutura das metrópoles mais exclui que inclui. O descaso predomina nas ruas. Índices de violência doméstica também saltam aos olhos. E os asilos se tornam espaços privilegiados para que filhos e netos possam, enfim, esquecê-los. Entre os impasses enfrentados, talvez o maior ainda seja a insensibilidade. Há um punhado de piadas que tripudiam os dilemas vivenciados na senectude. A sexualidade quase sempre é abordada a partir de um tom de deboche. Isso sem contar que parte expressiva dos jovens parece menosprezar a capacidade intelectual  do idoso. Por pressa ou pura intolerância, demonstram pouca paciência e atropelam seu tempo para desenvolver certas atividades. Tempo esse que se encontra comprometido em razão das limitações do organismo impostas pela própria idade. 
Os problemas tomam proporções bem mais sérias quando o idoso, pelo fato de não ter conseguido garantir certa estabilidade durante a juventude, se vê à mercê dos familiares. Para se manter, precisa ainda exercer alguma atividade remunerada. O mercado de trabalho, no entanto, ocupa-se em deixar profissionais mais experientes de lado. São praticamente escassas as possibilidades de emprego para aqueles com mais de cinquenta anos.
Lamentáveis são também os casos em que muitos parentes se apropriam da aposentadoria de pais e avós para o benefício próprio. A fim de contornar esse impasse, os atuais processos de interdição revelam-se bastante criteriosos. Ao final de cada ano, devem-se reunir os comprovantes dos gastos do aposentado e encaminhá-los ao advogado para prestação de contas. Tal prática poderá assegurar ao idoso que o dinheiro seja direcionado às suas necessidades básicas, como alimentação, vestuário, higiene e saúde. 
Contudo, o que se vê com certa regularidade é o abandono. Na luta pela sobrevivência, grande parte dos filhos se dedica às carreiras promissoras. E deixam para trás aqueles que mais torceram por eles. Precisam garantir o sustento e a realização profissional. Não há mais tempo para conversa fiada. Vá ver televisão, tiozinho! Meu Deus! O senhor emporcalhou toda a mesa de jantar! Tenho mais o que fazer! Não posso ficar limpando isso toda hora! Ai, não! Gripado de novo! Logo agora!
Sabe-se que o idoso apresenta uma série de problemas que corroboram sua fragilidade biológica. Encontra-se menos protegido contra doenças físicas e psíquicas. Sua visão mostra-se, gradativamente, comprometida. A capacidade de ouvir também. O paladar e o olfato sofrem alterações. O raciocínio apresenta-se mais lento. E a certeza da morte iminente traz quadros depressivos e angustiantes. É o momento de avaliar a própria vida, as escolhas feitas durante a travessia, os momentos em que, muitas vezes, se anulou para satisfazer a vontade alheia. Talvez o maior exemplo acerca das dificuldades de superar todos esses percalços, eu tenha encontrado na minha própria casa. 
Sou professor universitário e cuido, há cinco anos, de minha mãe. Ela chegou aos setenta anos e foi diagnosticada, ainda sem total precisão, com Alzheimer. De lá pra cá, muita coisa mudou na minha casa e, consequentemente, na minha vida. A gente mal fazia ideia de que sua “mania de limpeza”, de que o fato de lavar as mãos cinco, seis, sete vezes, revelar-se-ia mais tarde como o início de um caminho de muito sofrimento.
E a partir daquele momento, eu acompanhei uma transformação nada fácil para qualquer filho. Ela pouco a pouco se anularia, apagaria muita coisa da memória e se transformaria em uma pessoa diferente e distante. O amor permanece, mas permeado de saudade por tudo aquilo que ela havia sido. As mudanças chamam a atenção. Primeiro, o portador de Alzheimer se esquece de palavras que utilizava no cotidiano, como “leite”, “laranja”, “costura”. Os lapsos se tornam constantes. Outras vezes, trocam verbos. Aí é comum ouvi-los dizer que “comiam” um cafezinho ou “bebiam” um gostoso prato de arroz e feijão. E quando tomam consciência de que não conseguem se comunicar direito, sentem-se envergonhados, acuados, e preferem se isolar. Assim, é comum, em festas de família, vê-los correr para um canto ou outro. O silêncio parece menos doloroso. O ato de ter de interagir com o outro se torna um grande peso, um fardo muito difícil de carregar.
A escrita sofre oscilações. A leitura e os cálculos matemáticos também. E pouco a pouco são apagadas informações básicas como o nome do país onde mora, a novela preferida ou a canção que mais agradava.
Mas ainda assim, as características do que foram no passado se mantêm. Por isso é comum vê-los perguntar dos filhos, embora não mais se recordem do nome de nenhum um deles. Recebem os netinhos com um abraço forte e apertado. Fazem questão de presentear um e outro com um mimo qualquer. E vez por outra aquecem a cabeça no nosso colo e nos agradecem por não ter saído naquela noite chuvosa.
Entretanto, nem tudo é um mar de rosas. E nem um poema apaixonado. Com o passar dos anos, a dependência aumenta, a coordenação motora não é mais a mesma. Intensificam-se as dificuldades de trocar de roupa. Requer ajuda no banho. Levantam-se nas madrugadas. Atiram comida na parede. Fingem ter ingerido o remédio e o escondem debaixo da cama. Choram com medo de ir ao médico. E os cuidadores, às vezes, ficam irritados. Mostram-se hostis. Deitam-se magoados. Não com as pessoas cuidadas, mas com a vida e os rumos desconcertantes das tristes histórias que estão testemunhando e que, por mais que não queiram enxergar, sabem como terminam. Dos familiares mais espirituosos que conheço sempre garantiram que logo conseguem se recompor. Voltam, à noite, para cobrir os avós, e se reconfortam com a oportunidade de tê-los ao lado, de poder ajudá-los, de tentar fazer algo de bom – mesmo em meio a tantos tropeços e falta de informação.
E as tentativas para reverter o quadro são muitas. Aqui em casa nos dividimos e nos desdobramos para oferecer uma boa qualidade de vida pra mãe. Caminhadas, conversas diárias, estímulos para enumerar as coisas (ufa! ontem contamos até trinta!)... Vale tudo! 
Decerto muitos leitores se identificaram um pouco com isso. Sabem que, embora persista um discurso virtuoso a respeito da melhor idade, a realidade, na maioria das vezes, revela-se bastante ingrata. A rigor, é importante que o cuidador esteja sempre presente para que o idoso não seja ignorado em lojas, feiras ou consultórios. 
Possivelmente a raiz de todos esses transtornos esteja ainda no preconceito. E o preconceito, via de regra, reflete a ignorância, a concepção de que a velhice é um período infértil e improdutivo. Talvez a resposta mais apropriada para tal questão possa ser encontrada nos estudos do geriatra Luis Eugênio Garcez Leme. Para ele, a melhor forma de combate ao preconceito é o exercício sistemático do RESPEITO. Exercício esse que efetiva por meio da atenção, do trato individualizado, da capacidade de ouvir o outro e, sobretudo, de partilhar suas experiências, seus conselhos, suas histórias. Enfim, suas vidas!  


FERNANDO TEIXEIRA LUIZ é pós-doutorando em Literatura Comparada e Identidades Culturais, Doutor em Letras, Mestre em Educação, Pedagogo e colaborador do nosso blog.

domingo, 13 de setembro de 2015

HOJE


Por Marcela Pacheco

É PRECISO SABER VIVER...
"A vida é o que acontece enquanto você está fazendo outros planos", já dizia John Lennon.
Por esses dias, me vi parada, novamente, nesse incrível dilema existencial de como é difícil estar no presente, viver no único lugar onde se é possível fazer a diferença - o hoje. Não que a possibilidade de construir, sonhar, deva ser extraída de nós, não! Creio que isso é algo inerente ao homem, tornando impossível essa separação, porém, vejo com muita frequência como perdemos oportunidades únicas pelo simples fato de não saber viver, de estarmos acostumados com o acaso de simplesmente existir, e existir em um mundo tão vasto, e tão cheio de possibilidades, é uma total afronta ao dom da vida.
Viver o presente é, de fato, um grande presente que se renova todos os dias, é como se a cada despertar, tudo se fizesse novo, e de novo!
Com uma mente incontrolável, que está sempre em busca de respostas (mesmo com a consciência que nem sempre as terá), confesso que volta e meia me pergunto de onde vem tamanha dificuldade, e pude perceber que viver a realidade, muitas vezes dura, é um fardo sem tamanho para nós, por isso, a todo tempo buscamos válvulas de escape, meios para fugir daquilo que PRECISAMOS enfrentar (a famosa cruz), porém, mais uma vez, esquecemos que com tudo isso sempre retornaremos a estaca zero, ou seja, estamos com a mente lá, enquanto a vida está aqui, gerando o tão temido ciclo vicioso.

Eu até gostaria de terminar essa reflexão com uma resposta mágica, uma solução jamais vista antes, perdão se frustrei todas as expectativas, mas a resposta pode ser mais simples do que imaginamos... viver a realidade! Você não pode mudar uma realidade inexistente. Assim como minha resposta, a vida não acontece em um passe de mágica, ela precisa ser vivida, senão corre o risco de perder sua utilidade, pois, a vida foi feita pra ser vivida. O mais sensato e coerente é aceitar sua condição atual, e dar passos para melhorar isso que te impede, e me impede de seguir decididamente.


MARCELA PACHECO é jornalista e colaboradora do nosso blog

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

TOP BLOG 2015

Mais uma vez nosso blog está concorrendo ao Prêmio TOP BLOG da edição de 2015. Trata-se de uma premiação aos blogs mais votados em categorias específicas. O principal objetivo do Prêmio "é promover, divulgar e apoiar a iniciativa de produtores de conteúdo, que interagem socialmente pela rede internet, com a finalidade de compartilhar seus conhecimentos, ideias, experiências e perspectivas, contribuindo solidariamente com o desenvolvimento social e cultural do Brasil".
A eleição para selecionar os 100 blogs mais votados encerra em Dezembro de 2015 e é representado pelos leitores eletrônicos e por uma equipe de jurados especialistas, por meio dos selos de divulgação ou pelo link direto do site (clique aqui).
Ajude-nos a conquista-lo votando.



terça-feira, 8 de setembro de 2015

O MUNDO GRITA POR LIBERDADE DE ESCOLHAS


Por Helena Cararo

Há um grito ecoando em nossos ouvidos. Um grito de dor, de desespero, de angústia. Nossos irmãos estão morrendo sem ter ao menos uma chance de lutar. E por quê? Por preconceito, por prepotência, por hipocrisia. Aylan Kurdi de três anos nasceu ouvindo o som próprio da guerra e morreu tentando fugir para um futuro melhor. Amanheceu na praia, semelhante à um anjo dormindo, mas sem vida como uma árvore que teve suas raízes arrancadas da terra.

Esse menino sírio representa toda a humanidade que sofre a dor de um mundo que julga, que castiga e impõe regras. Homens, mulheres e crianças morrem de frio, de fome ou queimadas em baixo de pontes em grandes centros urbanos. Moram nas ruas não porque querem, mas porque não encontraram uma porta aberta diante da sociedade. Homossexuais são espancados simplesmente por assumiram o que são e porque os hipócritas do mundo dizem que é errado. Os cristãos estão sendo perseguidos por louvar o ao Deus que eles acreditam e escolheram para seguir, mas os juízes da humanidade impõem um deus e querem que todos se ajoelhem diante dele.
Os demônios soltos na terra colocam regras e crucificam aqueles que se afastam delas. Ser gordo é errado, todo gordo é feio. Afirmam que o bonito é ser magro e tantas mulheres buscam ao extremo esse padrão de beleza a ponto de ficar anoréxicas. Os mesmos padrões de beleza dizem que ter cabelo liso é mais belo, então vamos para a progressiva. Vamos ser loira e de olhos azuis, tudo resolvido com tinturas e lentes de contatos. E onde fica a autenticidade de cada ser humano, seus gostos e o livre arbítrio?

Certa vez me deparei com duas crianças negras brigando entre si, brigavam para ver quem tinha a pele mais clara. Acreditavam que o outro era negro e ele não. Por que isso? Quem disse àquelas crianças que ser negro é feio? Onde está a beleza do mundo, a simplicidade da vida, o amor ao próximo? São perguntas que o mundo esqueceu-se de questionar e que o silêncio de um corpo na praia trouxe de volta aos gritos.  

HELENA CARARO é estudante de Jornalismo e escritora (poesias). Também colabora com nosso blog.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

ADEUS AYLAN...

A foto que chocou o mundo, substituída por charges que homenageiam ao mesmo tempo em que despedem e fazem críticas...
"Ou aprendamos a viver juntos como irmãos ou morreremos juntos como idiotas". Martin Luther King.















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